Tuesday, August 08, 2006

Noite Gelada

Início de madrugada.Entrei no banheio, o mundo me comia, minha mente se auto-destroia. Estava cego, enxergando nitidamente meu objetivo. Sentei-me no chão, com a cabeça encostada na parede. O azulejo frio me acalmava, entretanto fazia grande pressão contra ele para a calmaria passar.
Vinte comprimidos dento da caixa de calmantes. Tomei um por um. Aflito esperava o efeito. O tempo passou. Então do nada senti uma moleza, junto com um mal-estar. Estava na hora de entrar em ação.
Botei minha mão no bolso. Não achei nada. No outro, peguei meu estilete. Era agora, agora ou nunca. Meu pulso latejava, assutado, sabendo da dor que enfrentaria. Minha cabeçava viajava, dor? Esse não era o problema. Objetivo? Evidente, a morte. Medo? O sucesso ou o fracasso.
A lâmina tocou minha pele, fazendo um leve corte, mas já corria um pouco de sangue. O movimento foi constante, e o corte ficando cada vez mais fundo. O sangue já abundava. O chão, de azulejo branco, se tornou vermelho. Minha visão turva, aos poucos se apagou. A dor era menor que parecia, eu sentado no chão, todo ensanguentado, nunca me senti tão bem.
Os tempos de escuridão me fizeram passar por uma auto-avaliação da minha vida. Os resultados não foram bons. Nunca realizei nada de importante, e acredito que nõ realizarei. Nunca quis tanto ver a tal luz.
O tempo, para mim passou num instânte, porém o sol já era forte. O banheiro cheirava a morte, e eu estava vivo. O sangue formava um rio vermelho a minha volta. Meus pulsos e minha cabeça latejavam. Estava triste, estava vivo.
Os anos passaram, e só a lembrança e cicatrizes desse dia ficaram. Coisas boas vieram, e passaram. A felicidade longe de ser encontrada, todavia agradeço por estar vivo. Pois sei que vivo eu posso morrer.

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