Sunday, September 10, 2006

Luz no fim do tunel.

"Primeira dose de whisky no bar. Primeira dose de whisky no bar. O marujo dá um gole. Nenhuma dose de whisky no bar. Segunda dose de whisky no bar. Segunda dose de whisky no bar. O marujo dá um gole..."
Na décima segunda dose, caí. Caí desmaiado e fiquei. Fiquei por alguns... talvez mais, minutos.
Acordei embriagado ainda. Num lugar estranho, escuro. Andei para os lados, e fui subindo como num cano, um cano de esgoto? Não. Sem água no chão, sem um cheiro horrível, aquilo não era o esgoto, não pelo menos os que eu ví nos filmes.
Gritei. gritei muito. Ninguém parece ouvir. Estou, agora, sozinho. Nunca me senti acompanhado, mas agora sim, sei o que é estar sozinho, por dentro e por fora.
Quero sair daqui! Onde eu estou?
Estou embriagado ainda. Não de virtude, poesia ou vinho, mas sim de whisky e medo. Um medom, não como os outros que senti, mas um nada que era medo.
Corri então.
Fiquei correndo por horas. Com paradas de guspe, tossidas e quase falecimentos, que o cigarro me causara.
Parei. Senti algo no bolso do meu casaco. Uma garrafa. Uma garrafa com dois dedos de whisky. Tomei tudo num sorvo só. O calor tomou conta de mim. Meu coração disparou. Agora o medo era como o de sempre.
Pouco tempo depois da corrida vi uma luz forte na minha frente, um pouco longe porém. Aos pooucos me aproximei. Não conseguia ver nada do lado de fora. Então que me dei conta. Eu estou morto. Bebi até morrer. Pelo menos morri bem.
Acho que depois que passar dessa luz estou no céu. Eu vim pro céu? Que bom! Será que não se pode beber no céu? Acho que não... Esse foi meu ulimo golo de whisky? Eu não quero morrer!
Fui caminhando para o depois da luz. Não pensando em que eu nunca mais iria ver, mas sim que nunca mais poderia beber. Era agora, só mais um passo. Fechei os olhos e fui.
Que merda! Que merda! Esses filmes são umas merdas! Era a porra de um esgoto.

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