Tuesday, August 22, 2006

Ela vem.

Ela disse que viria hoje... Estou sujo, preciso de um banho. Caminho sem para, em circulos e sem rumo. Doses de whisky vagabundo me embriagam. Ainda não fui para o banho. Não sei o que fazer. Não sei o que fazer, tão pouco sentir. Devo ir para o banho? Estou sem vontade, ainda é muito cedo, outra dose garganta a baixo. O suor já tomou conta do meu corpo. Cadê meu cigarro? Preciso viver melhor, mais intenssament, mais saudável... Será que ela chega logo? Será que ela chega? Cadê a porra do meu cigarro?
Vou para o banho, mas meu corpo reluta. Ligo o chuveiro, contra vontade, a água escorre para o ralo e de lá para o esgoto. A cada passo estou mais perto do destino definitivo da água, estou escorrendo. A campainha, então, toca. A vizinha diz quehá um vazamento, por causa do meu banheiro, em sua cozinha. Ela ainda não chegou. Adormeci na sala. Amanheceu. Ela ainda não chegou.

Tuesday, August 08, 2006

Noite Gelada

Início de madrugada.Entrei no banheio, o mundo me comia, minha mente se auto-destroia. Estava cego, enxergando nitidamente meu objetivo. Sentei-me no chão, com a cabeça encostada na parede. O azulejo frio me acalmava, entretanto fazia grande pressão contra ele para a calmaria passar.
Vinte comprimidos dento da caixa de calmantes. Tomei um por um. Aflito esperava o efeito. O tempo passou. Então do nada senti uma moleza, junto com um mal-estar. Estava na hora de entrar em ação.
Botei minha mão no bolso. Não achei nada. No outro, peguei meu estilete. Era agora, agora ou nunca. Meu pulso latejava, assutado, sabendo da dor que enfrentaria. Minha cabeçava viajava, dor? Esse não era o problema. Objetivo? Evidente, a morte. Medo? O sucesso ou o fracasso.
A lâmina tocou minha pele, fazendo um leve corte, mas já corria um pouco de sangue. O movimento foi constante, e o corte ficando cada vez mais fundo. O sangue já abundava. O chão, de azulejo branco, se tornou vermelho. Minha visão turva, aos poucos se apagou. A dor era menor que parecia, eu sentado no chão, todo ensanguentado, nunca me senti tão bem.
Os tempos de escuridão me fizeram passar por uma auto-avaliação da minha vida. Os resultados não foram bons. Nunca realizei nada de importante, e acredito que nõ realizarei. Nunca quis tanto ver a tal luz.
O tempo, para mim passou num instânte, porém o sol já era forte. O banheiro cheirava a morte, e eu estava vivo. O sangue formava um rio vermelho a minha volta. Meus pulsos e minha cabeça latejavam. Estava triste, estava vivo.
Os anos passaram, e só a lembrança e cicatrizes desse dia ficaram. Coisas boas vieram, e passaram. A felicidade longe de ser encontrada, todavia agradeço por estar vivo. Pois sei que vivo eu posso morrer.

Monday, August 07, 2006

Outro Dia Sem Queijo.

Nem uma fatia de queijo na geladeira. Tocou a campainha, fui a passos curtos atender, a fome já me enfraquecera. Abri a porta com um único puxão, assustada do outro lado estava uma figura meio pálida e sem vida. Meus olhos se esforçaram para enxergar com nitidez, vi, então, Paula Vidal, minha ex-amante.
Entrou no meu quarto as pressas, desabou a chorar na cama. Servi uma dose de um velho licor. Tomou tudo em um único gole, me o olhou e aos berros gritou:
- Vocês são todos iguais!
Tocou o copo no chão, e se deitou, chorando cada vez mais.
Sendo pego de surpresa não sabia sabia se iria junto a ela, ou se devia matar a fome antes. Cheguei à porta da cozinha, mas um grito me fez voltar. Ajoelhado aos pés de Paula sussurei:
- Se aclame um pouco, eu já volto.-passaei a mão em seu rosto- só um segundo.
No memento em que ela saiu do meu campo de visão senti um forte puxão no meu ombro, que fez me virar cara-a-cara com minha ex. Com seu nariz encostado no meu, disse:
- Todos iguais! Fogem dos problemas! Bando de filhos-da-puta!
- Mas eu só quero comer algo, estou morrendo de fome, porra!
- Que se fodam vocês! Vocês só servem para isto mesmo!
Me pegou pela gola, me jogou na cama. Ao subir em cima de mim, me tapeou dizendo; "Vão tomar no cu!"; fiquei meio incomodado, mas preferi ignorar e aproveitar. Foi arrancando minha camiseta, em seguida minhas calças. E me fodeu, tanto quanto ou mais como ja havia me fodido na vida.
Acendi meu cigarro. Servi mais uma dose para mim, ela recusou.
Lembrei algum tempo depois que não havia comido nada, e a fome me fez passar mal. Após algumas doses de estomago vazio, fui cambaleando para coiznha. No meio do caminho bati meu pé. Doeu muito!
Peguei o pão, já faminto, fui até o outro lado, e.. QUE MERDA DE DIA!! Nem uma fatia de queijo na geladeira.

Friday, August 04, 2006

Rostos Podres

Pessoas andam com seus pensamentos paridos
De uma mãe cega, surda e muda
Na sarjeta se escondem perdidos
Nascidos no lodo, lodo, este, que os afunda
A ignorância, só esta abunda
Pobres, escrotos e pretenciosos
... Mente miúda!
Veiculos de rápida locomoção
Levam para lugar algúm
Corpos móveis em eterna putrefação
O céu que é vermelho sangue, vêem azul...
Quietos e impotentes tomam no cu!
A vida de etrena merda, marrom
Enxergam paz branca e respiram este ar "bom".